Como a Finlândia fabrica roupa com madeira usada

Vestido usado pela primeira-dama Jenni Haukio lançou holofotes sobre uma inovação que causa menos danos ao meio ambiente que as fibras sintéticas ou mesmo o algodão

03 de janeiro de 2019 3 minutos
Europeanway

A Finlândia começou a fazer roupas de madeira. No baile de gala que celebrou os 101 anos de independência do país, realizado no início de dezembro, a primeira-dama Jenni Haukio usou um vestido feito de bétula, um tipo de árvore. E essa não foi uma decisão casual: ela escolheu o modelo para apoiar uma nova tecnologia que pode reduzir o dano ambiental provocado pela indústria da moda.

Como relata a BBC, o vestido escolhido pela primeira-dama para acompanhar o presidente Sauli Niinistö no evento foi desenvolvido por acadêmicos da Universidade Aalto, na Finlândia, a partir de uma nova tecnologia sustentável chamada Ioncell. Seus criadores dizem que o processo – que produz fibras têxteis a partir de materiais como madeira, jornais, papelão e algodão e os converte em vestidos, cachecóis e pastas para laptop – é mais benéfico ao meio ambiente do que usar algodão ou fibras sintéticas e aproveita uma madeira que, do contrário, seria desperdiçada.

Há um apelo crescente para que a indústria da moda reduza seus impactos sobre o meio ambiente. O setor é responsável por 10% das emissões de carbono do mundo e usa quase 70 milhões de barris de petróleo por ano para fabricar fibras de poliéster, que podem levar mais de 200 anos para se decompor.

As microfibras de plástico de roupas sintéticas incluem uma fatia considerável dos materiais feitos pelo ser humano que acabam se acumulando nos oceanos. Os ecologistas pedem aos consumidores que comprem roupa nova com menos frequência, mas mudar o comportamento das pessoas é difícil quando as empresas de moda apresentam novas coleções a cada temporada.

Assim, fazer roupas com materiais sustentáveis poderia ser uma alternativa mais realista. A técnica foi desenvolvida por químicos e engenheiros da universidade, mas a professora Pirjo Kaariainen, da Universidade Aalto, ressalta que foi muito importante que estilistas fizessem um vestido não apenas ecologicamente correto, mas bonito.

"As pessoas querem se vestir de um jeito que as faça sentir bem, então o desenho tem que ser bom", diz ela. "Precisamos fazer uma mudança para que os materiais sustentáveis sejam integrados ao sistema e as pessoas possam comprar facilmente roupas bonitas e confortáveis e que não causem danos ambientais."

A equipe de Aalto espera ter uma linha de produtos feita com a nova fibra até 2020. A meta é fazer com que as roupas criadas a partir da bétula apareçam na lista de compras de Natal de 2025.

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